31 de agosto de 2007
O secretário-geral da Associação Sindical Independente de Agentes da PSP atribuiu aos baixos salários praticados por aquela corporação o eventual envolvimento de agentes daquela polícia em esquemas de segurança privada. Ernesto Rodrigues acha que não haveria a tentação de ganhar uns dinheiros na segurança privada caso «os salários [dos agentes da PSP] fossem decentes», coisa que não acontece por culpa do Governo. Ora, por mais bem-intencionado que seja, o pressuposto do sindicalista é um absurdo inadmissível. É que, a verificar-se esta lógica, qualquer cidadão que não tem um «salário decente» tem o direito de recorrer a expedientes à margem da lei para aumentar os seus rendimentos, e de um agente da lei espera-se tudo — menos que a transgrida. Há, depois, outro problema. O que é um salário decente? Desde quando um salário decente impediu alguém de fazer uns biscates para aumentar a mesada? Não sei se os agentes da PSP são, ou não, mal pagos, mas não me custa acreditar que sim. Mas daí até desculpar o que não tem desculpa, vai um abismo.