28 de dezembro de 2007

Nada surpreendente a posição de Vital Moreira face à eventualidade de um referendo ao Tratado de Lisboa. Surpreendente só os argumentos e, vá lá, a frontalidade com que os defende, embora os argumentos por si só não convençam ninguém, e a frontalidade também possa ser vista como falta de vergonha. Acha o professor de Coimbra que «defender o referendo é defender o insucesso do Tratado», pois está convencido de que o documento será rejeitado caso haja referendo. Avança, ainda, outro motivo: a mobilização dos partidários do «não» dar-lhes-ia um peso «desproporcionado» no conjunto dos votantes. Temos, assim, que o cavalheiro é contra o referendo porque o resultado não lhe convém, um gesto que se saúda pela frontalidade mas que demonstra bem a sua (pouca) estima pela democracia. Depois, Vital Moreira acha que, a haver referendo, os partidários do «não» teriam um peso «desproporcionado». Ora, como sabe ele que os partidários do «não» teriam um peso «desproporcionado»? Possui algum mecanismo que lhe permita saber antecipadamente os resultados do referendo, ou leu nos astros?