25 de agosto de 2008
ESTRATÉGIA SUICIDA. É um facto que a «estratégia do silêncio» posta em prática pela líder do PSD se presta a muitas dúvidas e a algumas críticas. Reduzir as ditas às figuras do costume, pelas razões do costume, assim procurando desvalorizar o que dizem, é, por isso, tapar o sol com a peneira. Como seria de esperar, o anúncio de que Ferreira Leite não tencionava pôr os pés no Pontal prestou-se às mais variadas leituras, evidentemente que nem todas sérias ou inocentes. Mas é um facto que a «estratégia do silêncio» me parece, cada vez mais, insustentável, diria mesmo suicida, apesar dos aplausos generalizados de quem realmente conta no partido. Então a missão da Oposição não é criticar o que vai mal na governação? Não será tarefa da Oposição, nomeadamente da Oposição que aspira ao poder, apresentar alternativas ao que lhe parece não estar bem neste ou naquele sector da governação? Bem podem dizer que Ferreira Leite não gosta de «carne assada» e se recusa a abrir a boca por tudo e por nada que o argumento não convence. O que se torna cada vez mais evidente é que Ferreira Leite não tem feitio para liderar o partido, pois cada vez dá mais a ideia que assumiu o cargo mais por insistência alheia do que por vontade própria. Bem sei que, por vezes, o silêncio basta para alcançar o objectivo, e que se diz de Cavaco que não tinha paciência para as tricas do partido, que terá chegado a tratar com desprezo. Mas o tempo de Cavaco foi outro e já lá vai, e não me parece que o tempo presente se compadeça com silêncios, estratégicos ou não. O tempo presente requer, para já, que o PSD demonstre que é um partido com que há que contar, não um partido com os dias contados. Como, aliás, acaba de dizer Alberto João Jardim, quando defende a criação de um partido capaz de fazer «oposição a sério», e Pedro Passos Coelho, quando diz existir a ideia de que «o Governo está à solta», que «faz o que quer».