13 de outubro de 2008
O MERCADO. Ciclicamente, o sr. Vilarigues usa o Público para acusar os media de «silêncio absoluto» acerca do que julga merecer mais atenção. No caso, 800 (oitocentas) reuniões que os comunistas terão efectuado desde Março até agora, de que terão resultado 700 (setecentas) teses. De facto, partindo do princípio que o sr. Vilarigues não está a mentir, e dando de barato que os comunistas são os que mais trabalham em prol do que defendem, é obra. O que, desde logo, me leva a concluir: por que é que o PC não triplica as páginas (ou a periodicidade) do Avante!, de modo a garantir a publicação de tão abundante matéria? Sim, porque não publicar tão abundante matéria parece-me um duplo desperdício. Um desperdício porque o país não se pode dar ao luxo de ignorar 700 teses (repito: 700 teses), um desperdício porque o Avante! podia facturar muitíssimo mais com as vendas daí resultantes. Para um partido que atravessa uma enorme crise financeira, ao que dizem a ponto de admitir o despedimento de funcionários como forma de garantir a sobrevivência, parece-me uma ideia a considerar. Bem sei que isso seria uma rendição às leis do mercado, mas a crise financeira do PC também já resulta das leis do mercado. O que não deixa, aliás, de ser curioso, pois o mercado sempre foi, para o PC, uma heresia, e nunca as leis do mercado viveram tempos tão difíceis.