10 de novembro de 2008
CAVALGAR A ONDA. Manuela Ferreira Leite resolveu apanhar «o comboio» dos professores. Na minha opinião, fez mal. Fez mal porque a «avaliação externa» que agora propõe não passa de um modelo que, a seu tempo, será chumbado pelos mesmos de sempre; depois, porque o timing em que anunciou o «novo modelo» revelou um oportunismo político impróprio de um partido da área do poder. Sobre a avaliação dos professores, aproveito a ocasião para dizer que não mudo uma vírgula ao que aqui disse aquando da outra manifestação. Os professores não querem ser avaliados, por este ou por outros modelos, como o passado demonstrou e o futuro confirmará. Por isso atacam o modelo em vigor, por isso sairão à rua pelo modelo que vier a seguir, por isso farão o que puderem fazer para impedir que a avaliação se torne uma realidade. A desculpa, continuarão a dizer, será porque o modelo é mau, porque todos os modelos têm deficiências que os tornam atacáveis. Repetirão, depois, que os professores não podem ser responsabilizados pelo que vai mal no ensino, que a culpa é do Governo e do ministro da Educação, que as «políticas educativas» são uma merda, e que os professores não podem ser os bodes expiatórios. Para não variar, voltarão a não admitir que existem maus professores e maus profissionais, e que a culpa também é dos professores. Assim se varrerá o assunto para debaixo do tapete, e se adiará, de novo, a questão de fundo. E a questão de fundo, desculpem lembrar, é melhorar a qualidade do ensino público e o desempenho dos seus alunos. (Ver, a propósito, Guerra o ano todo.)