6 de novembro de 2008
MAIS LENHA PARA A FOGUEIRA. Cansei-me de levar bordoada por dizer que José Saramago não sabe escrever. É, por isso, reconfortante ler esta tirada de Miguel Esteves Cardoso à LER: «Acho os livros do Saramago mal escritos». Aliás, basta pegar no último livro do Nobel português (A Viagem do Elefante) para se constatar a evidência. Por exemplo, neste excerto publicado no Bibliotecário de Babel: «A caravana de homens, cavalos, bois e elefante foi engolida definitivamente pela bruma, nem sequer se distingue a mancha do extenso vulto do ajuntamento que formam. Vamos ter de correr para alcançá-la. Felizmente, considerando o pouco tempo que ficámos a assistir ao debate dos hércules da aldeia, o pessoal não poderá ir muito longe. Em situação de visibilidade normal ou de bruma menos parecida com puré que esta, bastaria seguir os rastos das grossas rodas do carro de bois e do carro da intendência no chão amolecido, mas, agora, nem mesmo com o nariz a roçar a terra se conseguia descobrir que por aqui passou gente.» É bom, isto? Se é, confesso, desde já, a minha total ignorância na matéria, embora não esteja inteiramente convencido de que tenha razões para lamentar.