16 de dezembro de 2008
DEPUTADOS. Um líder eleito «por alguns milhares de militantes» (Manuela Ferreira Leite, no caso) não pode (ou não deve) mandar «num grupo parlamentar eleito por mais de um milhão de portugueses», diz o João Miranda. Aparentemente, assim devia ser. Acontece que, na prática, não é isso o que, em Portugal, sucede desde que existe democracia. Não são os candidatos a deputados «eleitos» pela direcção do partido a que pertencem antes de irem a votos? Não são os candidatos premiados (ou punidos) consoante o grau de fidelidade à direcção do dia? Quer o João Miranda queira, quer não, um deputado, em Portugal, é «um servidor do partido» pelo qual se apresentou a sufrágio, e ai dele que não seja. Se «a decisão de Ferreira Leite [exigir explicações aos deputados do seu partido que faltaram a uma votação importante] é incompatível com os princípios da democracia representativa», como diz (e eu concordo), estranha-se que continue a praticar-se por todos os partidos políticos com assento parlamentar sem que ninguém se rale ou mexa uma palha para alterar o actual estado de coisas.