29 de dezembro de 2008
LAVAR AS MÃOS. Confesso que voltei a não perceber a comunicação ao País do Presidente da República a propósito do Estatuto dos Açores. Foi para nos dizer que promulgou um diploma que acha que vai abrir um «precedente muito grave», capaz de abalar o equilíbrio de poderes e afectar o normal funcionamento das instituições? Para nos dar conta de que «a qualidade da nossa democracia sofreu um sério revés», que o diploma põe em causa o «interesse do Estado», e que os interesses partidários falaram mais alto que os interesses do País? Se é tão grave assim, esperar-se-ia que o PR anunciasse que resolveu agir em conformidade. Se a ideia foi dizer-nos que fez tudo ao seu alcance, e que, a partir daí, agiu como Pilatos, a última coisa que se esperaria de um Presidente da República é que lavasse publicamente as mãos sobre um assunto que, segundo as suas próprias palavras, coloca em causa o futuro do País.