28 de abril de 2009

ALDRABICES. A deputada Ana Gomes resolveu candidatar-se ao Parlamento Europeu e, em simultâneo, à Câmara de Sintra, tarefas que diz assumir «sem falsidade» e «com total transparência». Porque nunca acumulou cargos políticos, diz ela, e porque a lei não o permite, digo eu, Ana Gomes abandonará a Europa caso seja eleita em Sintra. Aqui chegados, pergunta a ilustre: «Será possível mais honestidade e transparência?» De facto, a ideia das duas candidaturas em simultâneo é clara como água. Se não for eleita para um cargo, poderá ser eleita para outro, pois quem se candidata a dois cargos sempre terá mais possibilidades de ser eleito do que quem se candidata, apenas, a um. Isto, presume-se, porque não há uma terceira ou quarta eleições a que a senhora possa candidatar-se, naturalmente à luz do mesmo princípio — e sem dúvida em nome da Pátria. Dizer-se, como já ouvi quem dissesse, que estamos perante uma «duplicidade enganosa», ou que Ana Gomes é uma «falsa candidata», só por maldade. Resta saber se a «honestidade» e a «transparência» são, por si só, motivos para se votar nela, pois uma aldrabice honestamente assumida não deixa de ser uma aldrabice.