7 de abril de 2009
DESESPERO. Avisado de que o primeiro-ministro resolveu apresentar uma queixa-crime contra o jornalista João Miguel Tavares por causa de uma crónica no DN, fui, sem demora, reler a dita. E que vi eu que justifique uma queixa-crime? Ou estarei a ver mal, ou não há ali nada que se aproxime, sequer, de matéria susceptível de procedimento criminal. Para não ir mais longe, parece-me que o primeiro-ministro foi mal aconselhado — e se precipitou. Por mais que se tente ver a questão doutra maneira, o gesto evidencia alguém que, em desespero, perdeu o Norte, e desatou a disparar sobre quem não devia. Não fosse grave, não se tornasse, mesmo que involuntariamente, uma forma de condicionar a opinião dos jornais, e estaríamos perante um caso meramente ridículo. Como não é assim, resta-me desejar que o tiro lhe saia pela culatra.