10 de abril de 2009
MUDAR PARA QUE TUDO FIQUE NA MESMA. O que mudou na política externa americana com a eleição de Obama? Guantánamo era para fechar, e continua aberto. Obama diz que os detidos na base afegã de Bagram não têm direitos constitucionais, e ninguém diz nada. As tropas no Iraque eram para regressar, mas vão lá permanecer, pelo menos, até 2011. O Afeganistão mobilizou mais 17 mil soldados (e mais quatro mil nas próximas semanas), e a indignação que isto causaria no tempo de Bush tornou-se, agora, motivo de aplauso. Obama vai pedir ao Congresso mais 83,4 mil milhões de dólares para as guerras do Iraque e Afeganistão, e todos acham normal. Hillary foi à China e avisou que a questão dos direitos humanos não lhe atrapalharia a agenda, e ninguém disse nada. Em que difere, afinal, a política externa de Obama da administração anterior? Além da cosmética, difere, essencialmente, em três pontos: os EUA de Obama estenderam a mão ao Irão, e o Irão respondeu com um manguito; os EUA de Obama tentaram reaproximar-se da Rússia, e a Rússia intimou os americanos a não meterem o nariz na Moldávia; os EUA de Obama dizem que estamos numa nova era em matéria de política externa, e a Coreia do Norte responde com um míssil capaz de atingir o Alasca. Infelizmente, os factos servem de pouco quando não se quer ver.