24 de julho de 2009
PORNOGRAFIA. Que os tablóides se agarrem a Berlusconi como uma lapa se agarra a uma rocha, entende-se. Mas já me custa entender que o jornalismo dito de referência esteja em cima dele (salvo seja) por causa das meninas e programas afins. Qual é o problema de Berlusconi promover orgias e outros pecados? Usou bens públicos para os concretizar? Se usou, denunciem-no, processem-no, e punam-no. Espreitar pelo buraco da fechadura os aparentes excessos do sujeito é tão pornográfico como a pornografia de que o sujeito será praticante imoderado, e quando o voyeur é o chamado jornalismo de referência só pode merecer que lhe percam o respeito. A NBC recusou um pedido da Casa Banca para mudar a hora em que aquela estação pretendia transmitir a entrevista com a estouvada de voz divina, porque os seus responsáveis consideraram que a entrevista iria bater recordes de audiência caso fosse transmitida à hora prevista. O resultado é conhecido: tirando o episódio Obama, que resolveu antecipar uma comunicação ao país para não coincidir com a entrevista à sra. Boyle, a entrevista foi vista por uma audiência vinte vezes inferior ao esperado, isto é, foi um fiasco para os padrões americanos. O chamado jornalismo de referência devia aprender alguma coisa com isto.