5 de agosto de 2009
A PURGA. Conheço mal Pedro Passos Coelho, mas a impressão que tenho dele não é das melhores. (Falo no plano político, que no plano pessoal, além de meu conterrâneo, nada mais sei dele, nem quero saber.) Parece-me, contudo, que Passos Coelho é um sério candidato à liderança do PSD, goste-se ou não do sujeito, seja bom, ou mau, para o PSD. Afastá-lo das listas de deputados, como acaba de fazer Manuela Ferreira Leite, parece-me, portanto, um erro. Diria mais: um erro monumental. O caso faz, obviamente, lembrar um certo partido político, onde essa prática é muito popular. Aliás, a exclusão de Miguel Relvas, braço-direito de Passos Coelho (Relvas foi indicado pela distrital de Santarém como cabeça de lista por esse mesmo distrito mas Manuela rejeitou), confirma que estamos diante uma purga, mas nem era preciso. De facto, como entender que um ex-candidato à liderança do PSD que conquistou 30% dos votos não seja candidato a deputado quando é essa a sua vontade e a vontade da distrital a que pertence? Mas há mais: há candidatos que são arguidos em processos judiciais, o que torna ainda mais difícil entender que os escolhidos sejam os que «reúnem as melhores condições para o combate», como diz Aguiar Branco. A exclusão de Passos Coelho e seus apoiantes não foi, como diz a direcção social-democrata, uma decisão «simplesmente política». Foi, antes, uma decisão de pequena política, um mero ajuste de contas.