13 de agosto de 2009
UM ABSURDO. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social, a que alguns já chamam a ASAE dos media, tornou-se um caso em que todos a atacam, e ninguém a defende. De facto, a directiva agora imposta (a ERC deliberou que os media devem, em período de eleições, suspender os opinion makers que são candidatos ou conceder espaços de opinião idênticos a todas as candidaturas) não tem pés, nem cabeça. É, quando muito, uma medida bem-intencionada, mas impossível de concretizar caso se queira pôr em prática — e convenhamos que de uma entidade reguladora dos media não se espera que se fique pelas boas intenções. Como escreveu Nuno Pacheco, a directiva implicaria a cedência de doze páginas do Público caso o jornal onde trabalha acedesse às pretensões da ERC, um perfeito absurdo. Estarão lembrados do posicionamento que os principais jornais norte-americanos tiveram face à candidatura de George W. Bush ao segundo mandato, mas eu recordo na mesma: os principais jornais (The New York Times, Washington Post e Boston Globe, entre outros) apoiaram a candidatura de John Kerry (adversário de Bush), e nem por isso evitaram que Bush fosse reeleito. Este simples facto (os media nem sempre têm o poder que lhes atribuem, nomeadamente poder eleitoral) devia servir para a ERC ponderar melhor as decisões que toma, e os conselhos que dá.