14 de outubro de 2009

POST CHATO E COMPRIDO. Algumas notas sobre o recente Prós e Contras: 1) José Manuel Fernandes não conseguiu fundamentar, de forma convincente, a notícia do Público sobre as escutas. Pior: visivelmente irritado, o ex-director do jornal da Sonae revelou ter aceitado ir ao programa na condição de o tema das escutas ser, apenas, «uma nota de rodapé» («negócio» prontamente desmentido por Fátima Campos Ferreira), deixando a ideia de que não teria aceite o convite caso soubesse que o tema iria ser abordado da forma que foi abordado. E por que não queria ele discutir o assunto da forma que foi discutido? Como ficou demonstrado no decorrer do debate, porque não tinha substância que fundamentasse a notícia; 2) O director do Expresso, que se fartou de meter os pés pelas mãos e se revelou perito em dar uma no cravo e outra na ferradura, reconheceu que a notícia do Público carecia de sustentação, e chegou mesmo a admitir que a dita não tinha pés nem cabeça. Monteiro insistiu e voltou a insistir em quem (e com que intenção) enviou o e-mail às redacções, como se isso fosse mais importante que o e-mail propriamente dito. Depois de grande parte do tempo a interromper toda a gente a propósito de tudo e de nada, introduzindo ainda mais ruído em já tão ruidoso debate, o director do Expresso terminou a sua intervenção a dar lições de jornalismo, nomeadamente ao director do Diário de Notícias, a quem acusou de não ter currículo e procurou diminuir por vir do jornalismo desportivo; 3) A forma como o e-mail foi obtido pelo Diário de Notícias, e se devia, ou não, ter sido divulgado, gerou uma discussão longa e cansativa, chegando a ficar a impressão de que a forma como ele chegou às redacções (do DN e do Expresso, pelo menos) era mais importante que o seu conteúdo; 4) Os jornalistas deram uma péssima imagem do jornalismo que temos. Pior: talvez a imagem corresponda ao jornalismo que temos. A peixeirada que reinou na segunda parte, e que se terá prolongado para lá do final do programa, foi a triste constatação de que o chamado «jornalismo de referência» não merece confiança.