18 de janeiro de 2010
A CARTA. Lida a missiva de Fernando Lima ao Expresso, constato que o assessor do Presidente da República se «esqueceu» de três coisas. Esqueceu-se de explicar a razão por que foi afastado do cargo de assessor de imprensa; esqueceu-se de dizer que o mesmo Presidente que não caiu na esparrela dos «arquitectos da intriga» podia ter «matado» o assunto à nascença se tivesse negado a suspeita das escutas em vez de as alimentar com um silêncio que o tempo revelaria comprometedor; esqueceu-se de dizer que o PR não negou a suspeita das escutas na tristemente famosa comunicação ao país em que meteu os pés pelas mãos e não esclareceu coisa nenhuma. Quanto ao resto da missiva, tudo previsível. O assessor de Cavaco criticou ao de leve o Público (considerou que o jornal então dirigido por José Manuel Fernandes transformou um «gesto de impaciência» em «suspeitas gravíssimas»), e arrasou o Diário de Notícias por este ter publicado um e-mail onde ficou demonstrado que o caso das escutas era mais que «um episódio pícaro da época estival», como Fernando Lima agora nos pretende fazer crer. Resumindo, a carta de Lima é mais um episódio lamentável e perfeitamente escusado, e está longe de ser uma boa defesa do seu «bom nome profissional», como diz ter pretendido.