11 de fevereiro de 2010
DEMAGOGIA ASFIXIANTE. Apesar de não resistir aos factos, que insistem em contradizê-la, a teoria da «asfixia democrática» vai de vento em popa. Raramente passa uma semana sem que Eduardo Cintra Torres, Pedro Lomba, José Manuel Fernandes, Helena Matos, Pacheco Pereira, Vasco Pulido Valente, Rui Ramos, Constança Cunha e Sá, João Pereira Coutinho, João Miguel Tavares, Alberto Gonçalves, Baptista-Bastos, Vasco Graça Moura, Henrique Monteiro, Paulo Tunhas, Jaime Nogueira Pinto, Henrique Raposo e muitos outros não caiam em cima do Governo, com razão e sem ela, em publicações tão distintas como o Público, o DN, o Correio da Manhã, a Sábado, o Sol, o i, o Expresso ou o Jornal de Negócios — e só para falar da imprensa e dos nomes sonantes que nela colaboram. Seria isso possível caso vivêssemos num clima de «asfixia democrática»? Já disse e repeti que não alinho em patranhas — por mais jeito que me dêem, por mais que reforcem a minha causa, por mais que derrubem quem não merece estar de pé. Mentiras são mentiras, e eu não considero que as mentiras se desculpam quando usadas contra quem não simpatizo. Desconfio, aliás, que produzem o efeito contrário ao que pretendem, e estou mesmo convencido de que não sou só eu que me inclino a simpatizar com quem é vítima da mentira — e por várias vezes saí em defesa de quem discordo por considerar ignóbil tal prática. Desculpem lá a maçada, mas eu não duvido que existe liberdade de expressão, pelo menos a liberdade de expressão que se diz estar em causa, como também não duvido que a «asfixia democrática» é uma belíssima treta. O Governo está disposto a fazer o que estiver ao seu alcance para controlar os media e/ou afastar quem o incomoda? Poderá ser, mas eu duvido. Duvido porque isso seria uma estupidez, e estúpido é coisa que Sócrates não é. Mas concedo o benefício da dúvida, que aqui passamos dos factos para as opiniões — e cada um é livre de pensar o que muito bem lhe apetecer. Já os factos são o que são — e é sabido que os factos não se discutem.