28 de maio de 2010
LUZ AO FUNDO DO TÚNEL. Não mudei de opinião sobre Passos Coelho (muita parra e pouca uva), mas não há dúvida de que o seu desempenho à frente do PSD excede as expectativas mais optimistas — e, claro, mantém calados os críticos mais ferozes. Sócrates tem contribuído bastante para este sucesso, não há dúvida que tem, mas já tinha contribuído generosamente no tempo de Ferreira Leite, e nem por isso a antecessora de Passos Coelho ganhou alguma coisa com isso. De facto, para quem começou sob a desconfiança de barões e baronetes, a sondagem ontem conhecida não está nada mal. Bem sei que se trata, apenas, de um sinal de que pode haver alternativa a Sócrates e ao PS, mas é um bom sinal.
27 de maio de 2010
SELECÇÃO (2). Longe vão os tempos em que a generalidade dos portugueses sentia empatia com a selecção, curiosamente estimulada por um cidadão brasileiro (Scolari), a quem se exigiu o Céu e a Terra. Os acontecimentos dos últimos dias (o miserável ensaio com Cabo Verde e a falta de tacto com que a Federação lidou com o incidente dos adeptos impedidos de ver o treino) deixam isso bem à vista. Espero que me engane, mas a evidência não prenuncia nada de bom.
25 de maio de 2010
SELECÇÃO (1). Enquanto as selecções apuradas para o Mundial da África do Sul fazem testes a valer (a Inglaterra joga com o México, a Argentina com o Canadá, o Brasil com o Peru, a África do Sul com a Bulgária, o Paraguai com a Irlanda, a Grécia com a Coreia do Norte, os Estados Unidos com a República Checa, a Holanda com o México, a França com a Costa Rica), nós jogamos com Cabo Verde. Jogamos, e jogamos pessimamente. Repararam como os jogadores portugueses assumiram, no final do jogo, que não se empenharam o que deviam? Se estes jogos não são a sério, se não servem para os jogadores mostrarem o que podem fazer e para o treinador ficar a saber com quem pode contar, servem para quê?
21 de maio de 2010
QUEIROZ. Estarei a ver mal, ou Carlos Queiroz tem vindo a baixar as expectativas de Portugal no Mundial? Claro que ninguém espera que a selecção chegue à final — e, muito menos, que a ganhe. Mas daqui a nada contentamo-nos com uma vitoriazita na primeira fase — porque a Coreia não é pêra doce, porque a Costa do Marfim é a melhor selecção africana, porque o Brasil é um colosso. A selecção portuguesa terminou no quarto lugar no último Mundial, lembram-se? Depois da euforia na época Scolari, a quem tudo era exigido, já só nos falta baixar as calças.
20 de maio de 2010
DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS. É impressão minha, ou os que andam para aí raladíssimos com a eventualidade de o primeiro-ministro ter mentido no Parlamento quando disse desconhecer o negócio entre a PT e a TVI são os mesmos que não abrem a boca sobre o que se passa na Madeira? Aliás, nem agora, nem nunca, que o problema da Madeira não é de hoje — e será desnecessário lembrar que o Jornal da Madeira é financiado praticamente na totalidade (99,7 por cento) por dinheiros públicos.
19 de maio de 2010
18 de maio de 2010
O MUNDO À NOSSA ESPERA. Graças ao Nuno Guerreiro, acabo de descobrir o blogue do Francisco Duarte Azevedo, ex-cônsul de Portugal em Newark, que em boa hora me recomendou Los pasos perdidos, do cubano Alejo Carpentier. Para quando, já agora, O Trompete de Miles Davis?
14 de maio de 2010
SÓ PARA CHATEAR (2). Por razões que não vêm ao caso, acompanhei, pela RTP Internacional, grande parte do programa da visita do Papa a Portugal, e tenho a declarar o seguinte: nunca ouvi tanto lugar-comum, tantas ideias pré-concebidas, tantos estereótipos, tanto disparate. A «operação jornalística» só podia ter sido comandada por Fátima Campos Ferreira, sempre pronta a derramar filosofia de vão de escada, a interromper toda a gente para acrescentar irrelevâncias, e a fazer comentários inoportunos. Decididamente que o jornalismo que se praticou durante a visita papal, pelo menos pela RTP, se demitiu da sua função.
12 de maio de 2010
SÓ PARA CHATEAR (1). Se bem me lembro, não ouvi, durante todo o tempo que assisti, pela RTP, à missa do Papa no Terreiro do Paço, um único jornalista lembrar que aquele local foi, em tempos, palco de autos-de-fé. Como nas guerras, onde a verdade é sempre a primeira vítima, também as visitas do Papa causam inúmeras vítimas entre os jornalistas.
10 de maio de 2010
ALDRABICES. Não deve haver um único eleitor que não saiba o motivo que leva os comunistas a apresentar um candidato à Presidência da República, e que as hipóteses de ser eleito são nulas. Assim sendo, será que o tempo de antena de que os comunistas usufruirão os beneficia? Posso estar enganado, mas o expediente é bem capaz de produzir o efeito contrário. Estão a ver o candidato comunista a dizer que está ali para ganhar, como já se viu no passado? Quem não vê que a previsível resposta será uma aldrabice? E depois queixam-se os políticos da escassa confiança que neles depositam, como se os políticos, com os seus (maus) exemplos, não fossem os primeiros responsáveis pelo juízo que se faz deles.
O INCRÍVEL PAÍS DA MINHA TIA (4). Obviamente que Ricardo Rodrigues deixou de ter condições para exercer o cargo para que foi eleito a partir do momento que subtraiu os gravadores aos jornalistas da Sábado. O cavalheiro é deputado, vice-presidente da bancada do PS, e membro do Conselho Superior de Segurança Interna. Não é, portanto, um cidadão qualquer, a quem bastaria admitir que cometeu um erro para se dar o caso por encerrado, em última instância esperar que os tribunais decidam se é culpado ou não. Será preciso lembrar que num país civilizado o sujeito se teria demitido na hora?
6 de maio de 2010
4 de maio de 2010
A VÍTIMA. Como se costuma dizer, quem não deve, não teme. Se Inês de Medeiros achou — e continua a achar — que a razão lhe assiste no caso da comparticipação, pela Assembleia da República, nas suas viagens entre Lisboa e Paris, e que tem estado a ser vítima de «uma sórdida campanha», por que motivo resolveu abdicar da comparticipação? Porque o CDS achou por bem opor-se a tal prática? Desculpe lá, mas o motivo não me convence. Se Inês está realmente convicta de que a decisão da AR é irrepreensível do ponto de vista legal e inatacável do ponto de vista ético, esperar-se-ia que se mantivesse firme nas suas convicções e lutasse por elas. Afinal, Inês é deputada, e de um deputado espera-se que lute pelas suas convicções. Abdicando da comparticipação atribuída pela AR a pretexto de não querer ser «bandeira eleitoralista do CDS», não convence o mais ingénuo. Pelo contrário, abdicar é admitir que o expediente encontrado pela AR é, no mínimo, frágil. Querer agora virar o feitiço contra o feiticeiro, considerando-se a deputada «mais prejudicada» do Parlamento, é um caso em que a emenda é pior que o soneto, pois soa a manobra destinada a sair por cima de uma trapalhada de que ela é a primeira responsável e não a vítima.
O INCRÍVEL PAÍS DA MINHA TIA (3). O eurodeputado Vital Moreira escreveu, a propósito do «caso Inês de Medeiros», que há «deputados que, ao longo do tempo, têm declarado uma morada fictícia fora de Lisboa para beneficiar de vantagens indevidas», sem que isso alguma vez tenha sido motivo de denúncia. Ora, eu pergunto: e não devia ser motivo de denúncia? Acaso Vital Moreira conhece casos concretos? Se conhece, está à espera de quê para os denunciar? É normal ninguém dizer nada?
3 de maio de 2010
PRIORIDADES. Não digo que esta história do PEC não me rale, mas o que realmente me chateia é o e-mail da Barnes & Noble dando-me conta de que Dublinesca só vai estar disponível daqui a um mês.
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