4 de junho de 2010
ISRAEL (4). Apesar do jornalismo se ter ausentado para parte incerta, vai-se sabendo, à medida que o tempo passa e a poeira assenta, que a ajuda humanitária da «Frota da Liberdade» foi planeada não de modo a que a mercadoria chegasse ao destino sem sobressaltos, mas de modo a que houvesse uma reacção de Israel, de preferência violenta, como sucedeu. Curiosamente, este «pequeno detalhe» não interessa a ninguém, a começar pelos jornalistas de causas, mais interessados em meter a colherada do que relatar o que realmente se passou. Mas os factos continuam a surgir, e depois de se saber que a frota integrava cineastas, escritores, deputados, jornalistas, líderes islamitas, activistas de espécies várias e pelo menos um Nobel da Paz, ficou-se agora a saber que três das vítimas mortais ansiavam ser mártires, o que explica melhor o que se passou e confirma que o pior que podia suceder a esta gente era nada suceder. Reparem que falo de factos, não de opiniões, embora também as tenha. Por exemplo, não sei se Israel reagiu de forma desproporcionada (hão-se reparar que as reacções israelitas são, sempre, desproporcionadas, incompetentes, desastradas, estúpidas, etc.), e também não sei se caiu numa armadilha. Mas já é evidente que a armadilha tem servido para criticar quem caiu nela, não se vendo a mais leve crítica a quem a montou. Montar uma armadilha que pode resultar em tragédia (como se verificou) não tem, portanto, mal algum. Mal é cair nela. Não percebo bem onde está a lógica, mas deve ser defeito meu.