23 de junho de 2010
PRESO POR TER CÃO, PRESO POR NÃO TER. O Presidente da República continua a levar por tabela por não ter estado no funeral de Saramago, como continuaria a levar por tabela caso tivesse estado. O curioso é que ninguém tem dúvidas quanto à decisão que ele deveria tomar. Não tem dúvidas quem acha que ele devia ter estado, não tem dúvidas quem acha que ele não devia ter estado. Ora, parece-me que o caso se presta a algumas dúvidas. Têm razão uns e outros, mas nenhum a tem toda — e nenhum tem nenhuma quando a verdadeira razão não é a que invocam. Depois, como explicar que ninguém tivesse criticado Cavaco por não ter ido ao funeral de Couto Viana? Não foi tão bom como Saramago? Estava do lado errado e o outro do lado certo? Os esqueletos no armário de um eram menos embaraçosos que os esqueletos no armário do outro? Palavra de honra que gostaria que me explicassem.