15 de julho de 2010

O INCRÍVEL PAÍS DA MINHA TIA (5). Tirando os próprios e os organismos que os representam (Ordem, sindicatos, por aí fora), ainda não vi quem defendesse um limite de vagas no acesso à medicina. Qualquer cidadão escassamente informado sabe bem que há falta de médicos, ou que estão mal distribuídos, o que vai dar ao mesmo. Custa, portanto, ouvir o bastonário da Ordem dos Médicos dizer que «devíamos estar a reduzir o número de vagas disponíveis», a pretexto de que com a actual política de vagas haverá desemprego dentro de dez anos. Diz mais Pedro Nunes: não há garantias de que os estudantes de medicina vão ser pagos durante o internato — nem, sequer, que terão vagas no internato. A única garantia, diz o bastonário, é que não haverá emprego para todos. Ora, seguindo a «doutrina» do ilustre, quem garante emprego aos advogados, aos economistas, aos engenheiros e aos carpinteiros que pretendem entrar no mercado de trabalho? Sim, porque estes e outros profissionais deviam ter garantias idênticas às que o bastonário reclama para os médicos. Ou não?