15 de outubro de 2010

UM ESCÂNDALO. Sempre que se fala de Manuela Moura Guedes e das suas escaramuças com o primeiro-ministro e a TVI menciona-se, de raspão, que a jornalista se encontra de baixa, como se o caso não tivesse importância. Acontece que o caso tem importância. Afinal, Manuela está de baixa desde que lhe suspenderam o Jornal de Sexta, já lá vai um ano e tal, e segundo os jornais é vista com frequência em acontecimentos sociais, onde se presume que não vai de cadeira de rodas ou por recomendação médica. Como é evidente, se fosse um cidadão anónimo que estivesse no lugar dela já se lhe tinha acabado a mama, ou apanhado por tabela, ou as duas coisas. Como é quem é, como Manuela ainda era capaz de dizer que lhe tiraram a baixa por ordens do primeiro-ministro, ninguém lhe põe em causa o expediente, ninguém se escandaliza, e ninguém move uma palha para mudar o que quer que seja. Ironicamente, Manuela sempre gostou de pregar a seriedade alheia, mas também isso não merece reparo. Parafraseando O’Neill, assim vai o país da minha tia.