5 de novembro de 2010
PRESUNÇÃO E ÁGUA BENTA. Evidentemente que um candidato a uma eleição não pode dizer que tem dúvidas sobre o que fazer, muito menos que duvida das suas capacidades para o fazer. Mas daí até gabar-se das qualidades que diz ter, como fez Cavaco no discurso de recandidatura, vai um abismo, ainda para mais as qualidades que diz ter são mais do domínio da opinião que dos factos. Mas fez pior o candidato presidencial: resolveu dizer que vê «com muita apreensão o desprestígio da classe política», como se Cavaco não fosse, também ele, um político, e também ele não tivesse contribuído para o desprestígio da classe política. Acredito que Cavaco seja «mais sério» que a maioria dos políticos em funções, mas a seriedade não se mede: é-se sério ou não se é, e o episódio das «escutas», para só falar do mais recente, foi muito esclarecedor.