27 de dezembro de 2010
VERGAR A MOLA (1). Cercado de neve por todos os lados, impedido de sair de casa (nem a porta da rua conseguia abrir), espreito pela janela a chegada do limpa-neve como quem, há dois dias, esperava o Pai Natal. Diz que vem mais logo, quando o mais logo vem promete-me que ainda mais logo, quando o ainda mais logo chega não dá sinais de existir. Acciono o plano de emergência, mobilizo as tropas, distribuo funções — e só de pensar nos movimentos da pá já me doem as cruzes. Verdade que o espírito da quadra não me inspira amor ao próximo, mas nunca imaginei que me inspirasse instintos homicidas.