29 de abril de 2011
O DESESPERO É MAU CONSELHEIRO. Passos Coelho é um homem apaixonado que gostava de ter mais filhos. Tem quatro cadelas, não é forreta, canta opereta e é brincalhão. Sabe fazer farófias, papos de anjo e queijadas. Eis, em resumo, o que Passos Coelho contou à imprensa do coração, procurando demonstrar aos eleitores que ele é, afinal, um homem igual aos outros. Fez bem? Fez mal? Para mim, o episódio ilustra bem o desespero do líder laranja com o que prevêem as sondagens para as legislativas — que o PSD, face ao descalabro de Sócrates e do seu Governo, tem obrigação de ganhar por margem folgada, para não dizer maioria absoluta. Se o expediente lhe vai render votos, duvido. Há, porém, uma coisa de que não duvido: uma vez aberta a porta de casa à imprensa do coração, jamais se fechará. Os media passaram a ter legitimidade para lhe vasculhar a privacidade, e é sabido que expor a intimidade que nos convém é um convite a que exponham o que não nos convém.