1 de abril de 2011
VENHA O DIABO E ESCOLHA. Se dúvidas houvesse, a vitória «norte-coreana» de Sócrates nas «directas» do PS demonstra que o primeiro-ministro em funções está aí para as curvas. O timing da demissão foi perfeito para o primeiro-ministro? Tudo indica que foi. Toda esta novela foi pensada por Sócrates de modo a que assim sucedesse? Tudo aponta para aí. Foi um golpe do primeiro-ministro destinado a provocar eleições, como defende António Barreto? Tudo leva a crer que sim. Mas todo este filme de série B veio pôr a descoberto o que há muito se suspeitava: a oposição com pretensões a ser governo não está preparada para governar, o que é uma péssima notícia. Demonstrou mais: os que acusam Sócrates de recorrer a processos pouco ortodoxos para se manter no poder são os mesmos que ainda há pouco sugeriram métodos pouco ortodoxos para correr com ele. A chefia de um «governo de salvação nacional» (ou lá como se chama) por outra pessoa que não Sócrates (chegou a falar-se de Jaime Gama e de Luís Amado), como alguns sugeriram, é um bom exemplo do que digo, embora a forma como surgiu só podia ter redundado em fracasso. Queiramos, ou não, Sócrates é um osso duro de roer, e só vai sair de cena quando o voto assim o ditar. Pelo andar da carruagem, não tão cedo como seria desejável. Que Passos Coelho se prepare, portanto, para engolir o que disse quando disse não estar disposto a fazer alianças com Sócrates. Aliás, o líder social-democrata já nos habituou aos recuos, para não lhe chamar outra coisa.