12 de maio de 2011
BIN LADEN. Não me regozijo com a morte de ninguém, e parece-me obsceno que a morte de alguém possa ser motivo de festejos. Mesmo a morte de um torcionário que matou — ou mandou matar — milhares de pessoas, como Bin Laden, que se preparava para matar ainda mais. Dito isto, parece-me que os EUA estiveram bem na operação que eliminou o líder da Al-Qaeda, sobretudo no modo como foi planeada a fase posterior, o destino a dar ao cadáver. Com certeza que o ideal seria capturá-lo e julgá-lo, apesar dos riscos que tal comportaria. Mas o mundo não é perfeito, e nem me surpreenderia que a captura estivesse, à partida, excluída. Também me parece evidente que a morte de Bin Laden não põe fim ao terrorismo islâmico, e é de prever um aumento de actividades terroristas nas próximas semanas. Mas é preciso ver que todas as opções seriam más. Seria má a opção que o deixasse em liberdade, seria má a opção que o capturasse e levasse à justiça, seria má a opção que o matasse e não se livrasse do corpo, e não foi perfeita a opção adoptada. A modalidade escolhida pareceu-me, portanto, a menos má. E teve ainda a vantagem de recolher material precioso, a partir do qual já se descobriram planos para novos atentados. Ironicamente, a morte de Bin Laden foi ordenada por um Nobel da Paz, de quem na altura se disse não ter currículo para o merecer.