27 de maio de 2011
LIVROS ROUBADOS. Que me lembre, apenas roubei um livro em toda a minha vida, e nem foi bem um roubo. Saí da livraria na posse de um exemplar que tencionava devolver às estantes, e só dei por ela alguns quilómetros depois. Por sorte, uma falha de electricidade inutilizou o alarme nas portas, evitando-me um embaraço dos grandes — e uma explicação que, por melhor que fosse, não convenceria ninguém. Confrontado com a situação, o primeiro impulso foi devolvê-lo, mas a história que eu tinha para lhes contar era tão inverosímil que achei melhor não arriscar. Por azar, o livro não vale o papel em que foi impresso, e só ainda não me livrei dele porque ficará como lembrança. Como não me consta que alguém tenha roubado alguma coisa que não lhe interessasse (quando lhe perguntaram se alguma vez tinha roubado um livro que depois não gostou Roberto Bolaño respondeu que a parte boa de roubar um livro é que o seu conteúdo é cuidadosamente examinado), nem foi bem um roubo, ou foi um roubo, no mínimo, sui generis. Um roubo, no entanto, que me poderia custar caro.