15 de agosto de 2011
LIÇÕES. Conheço um sujeito que por várias vezes me explicou como a equipa onde o filho jogava podia ter ganho por três ou quatro em vez de perder por sete e oito. Se o miúdo que jogou à frente jogasse atrás, se o árbitro percebesse alguma coisa de bola, se tivéssemos feito isto e não aquilo, podíamos ter ganho em vez de perdermos, diz-me o sujeito como quem lembra uma evidência. Costumo ouvi-lo com toda a atenção, em parte por cortesia, em parte porque a lógica é impressionante e a convicção inabalável. Como é evidente, o exemplo pode aplicar-se aos debates políticos, onde há sempre quem defenda o indefensável, mesmo contra as evidências — embora a mim me pareça que os argumentos do sujeito sejam bem mais convincentes. Por uma razão: são genuínos, autênticos, valores cada vez mais estranhos à política e aos políticos.