16 de novembro de 2011
O MONSTRO (1). Provavelmente já está, de algum modo, a acontecer, ainda que de forma subtil e não assumida, mas defender que a informação da RTP Internacional deve ser «filtrada» e «trabalhada» pelo Governo, «a bem da Nação» e da sua imagem no exterior, roça o inacreditável. A RTP Internacional destina-se a quem? Não se destinará, antes de mais, aos portugueses no estrangeiro, emigrantes e outros? O sr. João Duque acha que estes portugueses só devem ter acesso, digamos, às «boas notícias»? E como devem, já agora, ser «trabalhadas» as notícias da oposição, que naturalmente falarão mal do Governo e, por arrasto, do País? Calar-se-á quem falar mal do Governo? E porque não, já agora, estender a lógica a outros domínios, proibindo, por exemplo, a «exportação» dos livros de Eça, onde o país é maltratado e por vezes comparado a uma choldra? Claro que o disparate não terá consequências, como já fez saber o ministro que «filtraria» as notícias caso acatasse o conselho das luminárias. Mas arrepia só de pensar que um grupo de trabalho que tem por missão aconselhar o Governo em matéria de comunicação social pública integre gente que pensa desta maneira. Arrepia e surpreende, que jamais me passou pela cabeça que dali saísse tal monstro.