24 de fevereiro de 2012
A BOA MOEDA E A MÁ MOEDA (2). O Presidente Cavaco, que sempre desprezou a generalidade dos políticos e tentou colocar-se acima deles, julga-se no direito de não responder aos jornalistas quando estes lhe fazem perguntas incómodas. Foi o que sucedeu hoje, durante uma visita ao Norte do país, ao fazer ouvidos de mercador quando um repórter lhe perguntou a razão que o levou a cancelar a visita à escola António Arroio, onde uma manifestação pouco simpática o esperava. Cavaco ouviu a pergunta com a displicência que costuma reservar para os jornalistas, fez de conta que não era com ele, e tratou de mudar de assunto. E quando foi questionado sobre o que disse acerca das suas pensões de reforma, que justamente indignou os portugueses, arrumou o assunto com um lacónico «não devo contribuir (...) para aumentar polémicas ou desinformações». Resumindo, o Presidente considera que não tem contas a prestar aos portugueses, e quando os seus actos são questionáveis, não se podendo furtar a comentá-los, invariavelmente acusa os jornalistas, esse malandros que passam a vida a deturpar o que ele diz, a transformar fait-divers em assuntos de Estado e a praticar outras maldades. Não que os jornalistas sejam uns santinhos, e até me parece que há pecadores em demasia. Mas os jornalistas são, para Cavaco, culpados de todos os seus erros, estratégia que sempre lhe rendeu dividendos mas que, francamente, me parece esgotada. Os portugueses finalmente descobriram a natureza do homem por trás da máscara, e não gostaram do que viram. Mesmo os portugueses que sempre votaram nele, como se vai vendo por aí.