29 de fevereiro de 2012
THOMAS MANN. Após vários adiamentos, li A Montanha Mágica, e escassas páginas bastaram para ver que estava diante um livro notável. Sabia, à partida, que A Montanha é um grande livro, mas devo dizer que a circunstância não condicionou a minha opinião. Nem antes de o ler, nem depois de o ler. As referências elogiosas a um livro ou autor despertam-me, quando muito, curiosidade e incentivam-me a lê-lo (e já não é pouco), mas o juízo final sou eu quem o faz. Sou dos que prefere errar pela sua própria cabeça a acertar pela cabeça dos outros, com todas as virtudes e defeitos daí resultantes. E a minha sentença não me oferece dúvidas: se A Montanha Mágica não é uma obra-prima, não sei o que é uma obra-prima. Li com alguma dificuldade Morte em Veneza, salvo erro numa edição da Europa-América, mas lembro-me que na altura atribuí o escasso entusiasmo à má tradução. Ainda assim lembro-me de algumas passagens, apesar de o ter lido há mais de uma década. Agora vou a meio d’Os Buddenbrook, e apesar do prazer que me está a dar parece-me aquém da Montanha. Espero que Doutor Fausto, que me espreita ali da estante, faça jus à Montanha. Sei que é pedir demasiado, mas quem bebe um vinho fino de cinco estrelas tenderá a pôr defeitos num de quatro.