10 de julho de 2012
A MULHER DE CÉSAR. Como se diz da mulher de César, não basta a um ministro ser sério: há que parecê-lo. Não basta a Miguel Relvas considerar encerrado o seu caso com o Público a pretexto de que a deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) o ilibou em toda a linha, e terá deixado claro, no seu entender, a inexistência de qualquer pressão política. Não pondo em causa a legitimidade da decisão da ERC, quem não ficou com dúvidas sobre o veredicto? Quem não sabe que a decisão da ERC foi tomada por três membros do PSD e dois do PS, e que os três primeiros votaram pela ilibação e os segundos pela condenação? Depois há casos anteriores (envolvimento com um ex-espião das secretas a contas com a justiça e uma ex-presidente da Ordem dos Arquitectos acusou Relvas de lhe ter feito uma proposta desonesta) e posteriores (uma licenciatura com contornos cada vez mais hilariantes) que não abonam a mulher de César. Infelizmente, não são casos bastantes para o primeiro-ministro dispensar os seus serviços, muito menos para que o cavalheiro saia pelo seu próprio pé. Pior: tirando uns fogachos inconsequentes, a oposição parlamentar age como estivesse diante uma coisa normal. Triste país o meu.