9 de agosto de 2012
MENTIRAS DE VERÃO. Como estivesse necessitado de leitura para férias e não tivesse nas estantes demasiados livros que ainda não li, acaba de me chegar mais meia dúzia, que sempre aguardo com a excitação e a impaciência com que ontem, criança, aguardava um novo brinquedo. Trata-se de My Life, de John Leonard, Italian Journey, de Goethe, Under the Sun, de Bruce Chatwin, Surreal Lives, de Ruth Brandon, Closing the Circle, de Auberon Waugh, e The Banquet Years, de Roger Shattuck. Se não mudar de ideias à última hora, acompanhar-me-ão, nos cinco dias que tenciono ausentar-me, The Banquet Years, de que já li metade, Doutor Fausto (Thomas Mann) e Servidão Humana (Somerset Maugham), que também vão a meio, além de algumas centenas no iPad. Perguntar-me-ão a que propósito vem isto, que só a mim interessará. Respondo com outra pergunta: a quem interessarão os livros que por esta altura a imprensa costuma recomendar como apropriados para ler no Verão? Como é evidente, interessam à imprensa, e apenas à imprensa, que nesta altura está sem assunto. Quem lê regularmente sabe o que há-de ler, no Verão e fora dele, e não precisa de recomendações de ocasião. Quem não lê, obviamente que não é no Verão que vai mudar de hábitos, muito menos vai ler o que dizem os jornais sobre tão entediante assunto. Como a «literatura de Verão», ou a literatura apropriada para ler no Verão (seja lá isso o que for), o aparente interesse dos leitores de jornais por leituras de Verão é uma falácia. Mais: ao contrário do que também se diz, nas férias lê-se menos que no resto do ano, e quem garante reservar para as férias não sei que livros, ou é ingénuo, ou mente.