7 de setembro de 2012

CORRUPÇÃO. Paulo Morais não se tem cansado de denunciar a corrupção. E tem-no feito de modo assinalável: apresenta casos concretos que envolvem pessoas concretas, perante os quais um mínimo de boa vontade bastaria para os levar a tribunal, e uma vez lá facilmente punidos. Como é sabido, não é assim. Apesar das evidências, nada se fez, nada se faz, nada se fará. A justiça funciona exemplarmente para o pé descalço — no caso, evidentemente, de o pé descalço meter a pata na poça, que se for para reclamar um direito ou defender-se de alguém poderoso o caso muda de figura. Sempre que se trata de gente importante, a justiça ou não funciona, ou funciona mal. Tem razão a procuradora-geral adjunta quando diz que «o nosso país não é corrupto, os nossos políticos não são corruptos, os nossos dirigentes não são corruptos». Afinal, para haver casos de corrupção é preciso que alguém avance contra alguém com processos de corrupção. Como não há, e os poucos que há geralmente acabam em nada, a corrupção passa por ser um fenómeno isolado. É pena que Cândida Almeida pareça mais interessada em questões formais que em questões de facto. Os níveis de corrupção em Portugal não param de aumentar, e julgo desnecessários estudos para o demonstrar. A começar, justamente, pelos nossos políticos, cujos casos em que se suspeita de enriquecimento ilícito são cada vez mais numerosos.