30 de janeiro de 2013
VOLTA NA TUMBA. Li com atenção os motivos invocadas pela família para a reedição, esta semana, da correspondência entre Eça de Queirós e a mulher, mas não fiquei convencido. A coisa destina-se a rebater a tese de João Gaspar Simões, segundo a qual o escritor terá feito um «casamento de conveniência» e sido um pai pouco afectuoso? Porque não terá, segundo os filhos, sido assim? A ser verdade o que dizem, que importância terão esses factos na obra de Eça? Admitindo que o pai não teve, ao escrevê-las, «a mais leve suspeita que olhos curiosos devassariam o que fora escrito apenas para uns olhos» (os da esposa), como admitem, não estarão os filhos, organizadores do volume, a desrespeitar um desejo do pai? Quem tinha dúvidas sobre estes assuntos irá, depois do livro, continuar a tê-las, e não vejo que Eça de Queiroz entre os seus, agora reeditado pela Caminho, acrescente uma vírgula à obra. Ou era outra a ideia?