14 de fevereiro de 2013

A MENTIRA DA RTP. Quem acredita que a RTP aumentará as audiências e, simultaneamente, a qualidade do que transmite? Quem acredita que, deixando de transmitir programação dirigida ao grande auditório (concursos, novelas, nacional-cançonetismo, futebol), substituindo-os por programas culturais (digamos assim para simplificar), as audiências subirão? A avaliar pelo que disse à própria RTP, o actual presidente acredita. Alberto da Ponte afirmou, preto no branco, que os dois canais públicos têm de ter 22% de audiência global em finais de 2014 (no dia da entrevista tinham 16%). Ao contrário de muita gente, que parece não ter dúvidas sobre tão complexa matéria, não sei o que é — ou deve ser — um serviço público de televisão. Há, no entanto, uma coisa que julgo saber: um serviço público de televisão minimamente decente apenas seria visto pela maioria dos cidadãos caso houvesse uma só televisão. Como não é assim, se a actual programação da RTP mudar de rumo, a maioria dos telespectadores mudar-se-á para a concorrência, que não deixará de explorar o filão. Também me parece que os canais públicos não devem operar com a mesma lógica da concorrência, e o pouco que vejo da programação dirigida ao grande auditório é de fugir. Mas então haja coragem para assumir as consequências — e os custos — que isso comportará.