8 de março de 2013
PREPAREM-SE. Vem aí a receita para salvar o mundo e, quiçá, a paróquia. É, pelo menos, o que promete o Presidente, e já para amanhã. Depois de um mês sem abrir a boca, o Presidente resolveu fazer prova de vida, e de uma assentada dizer que os portugueses que se manifestaram no último sábado têm de ser ouvidos (não disse como nem por quem) e divulgar o prefácio da interessantíssima obra Roteiros VII, que reúne, segundo o próprio, «as intervenções mais significativas» por ele produzidas nos dois primeiros anos do segundo mandato. Só não o fez antes porque um chefe de Estado «sensato e responsável» deve falar pouco com os jornalistas, diz ele, especialmente quando o chefe do Governo é da sua família política, digo eu. Quem se lembra das desgraças nos tempos do engenheiro de fim-de-semana, que punham o Presidente a falar a toda a hora com os jornalistas? Pois, agora a desgraça é ainda maior — e o Presidente só abre a boca quando é espicaçado, e a contragosto. Porque um «Presidente da República que fale muito à comunicação social normalmente não tem influência nas decisões que se toma no país», diz agora, e garante saber bem do que fala. Afinal, ninguém, como ele, «foi primeiro-ministro 10 anos e acumulou com sete anos de Presidente da República», escreveu no Facebook, coisa que lhe permitiu acumular «uma informação que mais ninguém tem». Dezassete anos, portanto, a exercer o poder, sem dúvida uma experiência enriquecedora. Mas uma experiência cujo resultado, convém lembrar, contribuiu generosamente para o estado a que isto chegou.