24 de maio de 2013
PALHAÇADAS. Chamar «palhaço» ao Presidente da República é, de facto, excessivo, e ao que parece punível por lei. Fez bem, portanto, Miguel Sousa Tavares admitir que se excedeu, provavelmente mais por temer o processo que aí vem que por arrependimento, digamos, genuíno. É que Sousa Tavares já tentou contextualizar o que disse, isto é, dividir com terceiros (entrevistadora e/ou editores do Jornal de Negócios) a culpa do sucedido. Também não aprecio o actual Presidente, sobretudo a partir da palhaçada das escutas que admitiu ter sido alvo por parte do anterior Governo, que rapidamente se percebeu terem sido inventadas pelos seus colaboradores, com, ou sem, o seu conhecimento. Mas chegar onde chegou Sousa Tavares, é inadmissível. Adivinha-se que o processo, a haver, acabará por questionar a natureza do que foi dito. Afinal, há sempre a possibilidade de «palhaço» não ser ofensivo, pois sabemos que «palhaço» também pode ser uma actividade respeitável — e os tribunais funcionam como se sabe. Surpreende-me, por isso, que Sousa Tavares já tenha admitido um erro que juridicamente ainda está por demonstrar que cometeu.