7 de outubro de 2013
MACHETE, O INFELIZ. Como não bastassem as constantes «incorrecções» sempre que se vê obrigado a prestar declarações sobre a sua passagem pela vigarice que foi o BPN, o ministro Rui Machete resolveu, agora, pedir desculpa ao Estado angolano pelas investigações judiciais em curso que atingem, ao que dizem, altas figuras daquele país. «Não há nada substancialmente digno de relevo e que permita entender que alguma coisa estaria mal», garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros a uma rádio angolana. E como soube ele que não há nada digno de relevo? Presumindo-se que não teve acesso aos processos (em segredo de justiça), a garantia dada pelo ministro é um mistério. Mistério que o próprio se encarregou de desvendar, mais uma vez dando o dito por não dito, de novo corrigindo-se a si mesmo. «Ninguém pode ficar diminuído politicamente por usar uma expressão infeliz», disse o primeiro-ministro sobre o episódio. Como é evidente, não foi, apenas, uma «expressão infeliz», mas um erro que envergonha os portugueses — motivo bastante para não passar sem consequências. É bom não esquecer que Machete anda a dizer coisas infelizes ainda antes de tomar posse, e já não merecia o respeito de ninguém ainda antes do episódio angolano. Prolongar-lhe o mandato é, por isso, eticamente insustentável, politicamente inadmissível, e embaraçoso para qualquer português com um pingo de vergonha na cara.