21 de novembro de 2013
AS DÚVIDAS DO COSTUME. Duas coisas sobre o caso do procurador-geral da República angolano: a justificação dada pela congénere portuguesa para só há dias ter revelado o desfecho do processo em que o dito se viu envolvido quando era já conhecido há três meses e meio (Joana Marques Vidal alegou que a lei a isso não obrigava) não cola; o arquivamento do processo, instaurado por suspeita de fraude fiscal e branqueamento de capitais (a que posteriormente se juntou o arquivamento do processo instaurado ao vice-presidente angolano, investigado pelos mesmos motivos), dá azo a algumas suspeitas e a muitas dúvidas. Por que alimentou o Ministério Público, com um silêncio incompreensível, as polémicas das últimas semanas, nomeadamente com o ministro das manchetes, quando facilmente lhes poderia pôr cobro? É só incompetência, ou haverá algo mais? A julgar pelas considerações do procurador que investigou o vice-presidente de Angola (no despacho de arquivamento do processo o magistrado mostrou-se esperançado que o desfecho do caso contribua para «o desanuviar do clima de tensão diplomática» entre Portugal e Angola), haverá algo mais. Nada que surpreenda, que a justiça portuguesa já não surpreende. Muito menos o inquérito disciplinar já instaurado ao magistrado que fez tais considerações, obviamente despropositadas, que há-de acabar da forma do costume.