19 de dezembro de 2013
PROFESSORES (3). Quem olha para os professores do ensino público (ou candidatos a isso) e seus legítimos representantes (sindicatos e federações sindicais) com um mínimo de distanciamento tende a dar razão a todos quantos foram, são ou venham a ser ministros da Educação. Por uma razão cada vez mais evidente: nada que os ministros decidam sobre os professores está certo para os ditos. Sucessivos ministros da Educação e sucessivas políticas educativas adoptadas pelos diversos ministros foram, segundo os professores e seus representantes, todas desastrosas. Ontem foi a avaliação para efeito de progressão nas carreiras, que consideraram desadequada. Hoje é a chamada «Prova de Avaliação», que consideram inadmissível e mal feita. Amanhã sabe-se lá o que será. Como seria de esperar, a Federação Nacional de Professores (Fenprof), principal agremiação sindical da classe, reagiu à pretensão do Governo de criar a tal «Prova de Avaliação» dizendo tratar-se de um expediente «ilegal», e tratou logo de entregar providências cautelares em meia dúzia de tribunais. E porquê ilegal? Porque o incontornável líder da Fenprof considera que os professores já estão habilitados «tanto no plano científico como profissional», pelo que a prova põe em causa «o direito ao exercício da profissão». Temos, portanto, que o Estado tem a obrigação de dar emprego aos professores porque os professores têm esse direito. E a todos os professores, porque segundo Mário Nogueira todos estão habilitados para isso. Seguindo este admirável princípio, se houver cem candidatos habilitados a preencher duas vagas numa determinada empresa, a empresa deverá admitir os cem, ou os dois que julgar melhores? Segundo o senso comum, deverá admitir os dois que julgar melhores. Segundo a lógica de Nogueira, deverá admitir os cem. Há muito se percebeu que o ideal, para os professores e respectivos sindicatos, seria que os ditos terminassem as licenciaturas e ingressassem automaticamente no ensino público, e uma vez lá cuidassem das suas próprias avaliações e do mais que lhes conviesse — coisa, de certa maneira, que tem vindo a suceder, embora já tivesse sido pior. Será preciso dizer que as exigências dos professores do ensino público e dos sindicatos que os representam atingiram as raias do absurdo?