12 de março de 2014

OS TRABALHADORES PORTUGUESES, ESSES MALANDROS. O extraordinário Belmiro de Azevedo afirmou a semana passada: os salários dos trabalhadores portugueses só podem aumentar quando tiverem a mesma produtividade que, por exemplo, os trabalhadores alemães ou ingleses. Os alemães fazem, por hora, «três ou quatro vezes mais do que os portugueses», justifica o chairman da Sonae. E por que não aumentam os portugueses a produtividade? Sendo eles por esse mundo fora considerados bons trabalhadores, por que não são em Portugal? Parece-me evidente que a razão principal para que isso suceda deve-se, antes de mais, aos empresários que há. Como oportunamente lembrou Nicolau Santos, as empresas multinacionais que se encontram em Portugal, «trabalhando esmagadoramente com portugueses, são das mais produtivas dos grupos onde se inserem». Verdade que Belmiro não disse que os portugueses não produzem o que deviam por culpa deles, trabalhadores. Mas Belmiro devia, quando fala sobre este assunto, olhar-se ao espelho, e fazer um acto de contrição. Não necessariamente por ele, que não sei se terá razões para isso. Mas pela classe a que pertence, os empresários, que não sendo os únicos responsáveis pela escassez de produtividade dos trabalhadores portugueses face aos países citados contribuem muitíssimo.