2 de abril de 2014

CADA UM LEMBRA-SE DO QUE LHE CONVÉM. Evidentemente que um dos dois está a mentir, e a memória que um diz ter e o outro não ter é só um pretexto. Será possível que Durão Barroso tenha, quando primeiro-ministro, convidado três vezes o então governador do Banco de Portugal (BP) a explicar-lhe os «rumores» que circulavam sobre o BPN, e o então governador do BP não se lembrar de um único convite? Não me constando que Vítor Constâncio tenha perdido a memória, ou está a mentir, ou mente quem diz tê-lo convocado três vezes para explicar-lhe o BPN. Durão Barroso pode, enquanto primeiro-ministro, não ter estado à altura do que seria exigível, mas hoje é um facto que Constâncio também não fez o que devia — por negligência, por incompetência, por impotência, por outra razão que só ele saberá. Acreditar, portanto, em quem? Por mim, não acredito em nenhum, e devo dizer que se há coisa que me tira o sono é não estar em paz com a minha consciência. Há dois dias que tomei conhecimento do assunto, há dois dias que penso desta maneira, há dois dias que durmo que nem uma pedra. Posso, portanto, continuar a dormir descansado.