11 de abril de 2014

O CIRCO. Como se dizia nos tempos do MRPP, quem com ferros mata, com ferros morre. Poder-se-ia caracterizar assim o arrufo entre Rodrigues dos Santos e José Sócrates, que domingo conheceu novo episódio. Espera-se que o próximo tenha cenas ainda mais picantes, género estaladas e assim. Afinal, o último episódio foi visto por mais 120 mil espectadores que o anterior (números do DN), pelo que será de esperar que o próximo registe uma nova subida. O título do Público (Sócrates e Rodrigues dos Santos mantêm polémica na RTP, mas TVI e Marcelo continuam a ganhar) sugere que tudo isto não passa de uma guerra de audiências, no caso com a TVI, onde à mesma hora comenta Marcelo Rebelo de Sousa. Chega, de facto, a parecer, mas sinceramente duvido. Por mais reparos que mereçam o comportamento de Rodrigues dos Santos, não estou a vê-lo entrar nesse jogo. Rodrigues dos Santos fez o que fez porque é assim, e imagino que seja tarde para ser doutra maneira. O problema é claramente outro, e como as coisas chegaram onde chegaram, só há duas saídas possíveis: acabar com o programa, ou afastar Rodrigues dos Santos. É que o foco do programa deixou de ser o que Sócrates tem a dizer sobre determinados assuntos, mas saber se Rodrigues dos Santos e Sócrates se voltam a desentender — e como a desavença vai acabar. Como entretenimento, não estará mal. Mas como A Opinião de José Sócrates não é um programa de entretenimento (o site da RTP descreve-o como um «espaço de comentário e análise política»), será bom que não se transforme num circo.