7 de maio de 2014
QUANDO A ARROGÂNCIA ESCONDE A IGNORÂNCIA. Lembro-me de na comissão parlamentar que apreciou a petição contra o Acordo Ortográfico (vídeo aqui) a deputada Isabel Moreira acusar de atitude pidesca alguém que a confrontou com o facto de o ter defendido e votado mas escrever como se ele não existisse (ou numa mistura dos dois, não me lembro bem), procurando demonstrar que a deputada dizia uma coisa e fazia outra. Confesso que a cena me fez subir a mostarda ao nariz, sobretudo pelo desplante com que o fez, assim julgando calar quem a tinha confrontado, e bem, com a flagrante contradição e «matar» o assunto de vez, coisa que a tréplica arrumou em dois tempos. Não será de esperar que um deputado seja consequente com o que vota, que pratique o que subscreve? Que as suas acções sejam escrutinadas pelos cidadãos? Pelos vistos, Isabel Moreira acha normal defender uma coisa e praticar o contrário, e quem lhe escrutina o que faz é pidesco. Cabe-me, portanto, a liberdade de concluir que o assunto não tem, para ela, a mais leve importância — e não será preciso ser bruxo para adivinhar que a sra. deputada não será capaz de explicar a necessidade de um Acordo Ortográfico e respectivas razões por que votou nele. A sra. deputada pensa assim porque sim, votou assim porque sim, e julga não ter satisfações a dar a ninguém. Acontece que Isabel Moreira tem deveres para com o país, e o país inclui os que não votaram no partido (o PS) que a pôs na Assembleia. Devia, por isso, explicar-nos a utilidade do Acordo Ortográfico, bem como os motivos por que votou nele. Fazer-se de vítima, só se for da sua própria ignorância.