5 de junho de 2014
A EMBRULHADA. Consta que Winston Churchill, que qualquer aprendiz de político gosta de citar, terá dito mais ou menos isto: «Por mais absorto que um general esteja na elaboração das suas estratégias, às vezes é importante ter o inimigo em consideração.» (A citação foi roubada do livro Conservadorismo, o mais recente de João Pereira Coutinho.) É o que me apetece dizer de António José Seguro, que de tão entretido com o novo brinquedo (as directas, que ainda há pouco não apreciava e ninguém, a começar por ele, sabe como funcionam), não se dá conta no que se meteu. O expediente do líder do PS é mesmo o que parece: destina-se a prolongar-se no poder, e a dificultar a vida aos adversários. Não é bonito de ver, mas quando os actores são maus, não se espera que o filme seja melhor. Ou Seguro não vive neste mundo (já demonstrou várias vezes que não vive) e não percebe que o que está em causa deve ser tratado com clareza e celeridade, ou percebe muito bem e agarra-se a formalismos para se manter no poder. Escusado será dizer que a estratégia penaliza, antes de mais, o PS, e que Seguro sairá mal desta história. Mesmo num (improvável) cenário de se ver confirmado como líder.