24 de julho de 2014
DESCULPAS DE MAU PAGADOR. Gostei da metáfora («dores de crescimento») com que o presidente da TAP caracterizou os actuais problemas da empresa. Gostei, mas não me comovi. Afinal, a TAP está a operar acima das suas possibilidades, vendeu viagens que não pode efectuar. Fernando Pinto diz que o fornecedor não cumpriu os prazos previstos para a entrega de não sei quantas aeronaves que a TAP lhe terá adquirido — razão, sublinha, a que a TAP «é totalmente alheia». Como é evidente, a história não acaba aqui. O problema da TAP com os fornecedores não serve de desculpa para o espectáculo em cena, e o espectáculo em cena diz-nos que foram cancelados 50 voos em apenas quatro dias. Sobra, portanto, uma pergunta: como podia a TAP vender viagens sem estarem asseguradas as condições para as efectuar? Eis, a meu ver, a questão, ou a primeira questão. Estivessem as vítimas de cancelamentos e atrasos habituados a reclamar o que têm direito, e neste preciso momento a TAP estaria a desembolsar indemnizações atrás de indemnizações cujas consequências podiam ser-lhe fatais.