18 de setembro de 2014
12 de setembro de 2014
ADIVINHEM DE QUEM É A CULPA. Loureiro dos Santos afirmou, no Público, que a «emergência da tentativa de restauração do califado na região Síria/Iraque resulta de dois erros estratégicos cometidos pelos EUA». Segundo ele, o primeiro é da responsabilidade de Bush (por ter invadido o Iraque), e o segundo da responsabilidade de Obama (por não ter dado o apoio militar que os insurgentes requeriam). Daniel Oliveira, no Expresso, junta-se ao coro: «(...) o “Estado Islâmico” é filho da intervenção norte-americana no Iraque.» Resumindo, nada de novo, muito menos de surpreendente. A culpa é dos americanos, dos americanos, e dos americanos. O argumento é fraquinho, para não dizer pior. Dizer-se que o fundamentalismo islâmico resulta da política externa americana é, desde logo, um facto que carece de sustentação, uma mentira que qualquer livrito de História desmente. Mas nem é preciso tanto. Qualquer pessoa mediamente informada, e que não vê apenas o que lhe convém, sabe que o fundamentalismo islâmico não nasceu ontem, muito menos do ódio à América (leia-se EUA).
LIVRARIAS. Boas notícias, más notícias, e notícias assim-assim para quem gosta de livros e livrarias. A Shakespeare & Co. da Broadway acaba de fechar. Desmontavam as últimas estantes quando lá estive, faz hoje uma semana . (Ainda me lembro da Strand da Fulton Street pouco antes de fechar e da tristeza que me causaram as estantes vazias.) Nas boas notícias, descobri a Idlewild Books, livraria especializada em literatura de viagens que hei-de explorar com mais tempo na próxima visita. Nas assim-assim, vi na McNally Jackson e na livraria da NYU uma maquineta que imprime livros enquanto o diabo esfrega um olho. A avaliar pela informação disponível e por alguns exemplares expostos, a qualidade é boa. Digo assim-assim, porque não sei bem o que isto significa. Se é bom, se é mau. Quando o mercado dos eBooks cresce de dia para dia, deparar com uma coisa destas é, no mínimo, surpreendente.
10 de setembro de 2014
A BARBÁRIE. Parece que o presidente Obama não sabe o que fazer face à escalada do jihadismo do autodenominado Estado Islâmico (escrevo antes de Obama falar aos americanos, que deverá suceder esta noite). Pelo menos foi isso que deu a entender um dia destes, quando assumiu não ter uma estratégia para enfrentar o problema. É grave? Segundo alguns, é gravíssimo. Na minha opinião, a gravidade, a existir, foi tê-lo assumido publicamente, que neste tipo de assuntos a verdade não é um bem absoluto. Depois, por que é que os americanos têm que ter uma estratégia para tudo, estar prontos a intervir em todo o lado sempre que estão em causa problemas que dizem respeito a meio mundo? Por que não se exige o mesmo aos outros países, nomeadamente da União Europeia, cujos mandantes se limitam à retórica quando são postos diante casos destes? Por que não se denunciam abertamente os países, alguns da União Europeia, que em segredo pagam resgates astronómicos pela libertação dos seus cidadãos que tiveram o azar de cair nas mãos dos jihadistas, entregando a um bando de assassinos não só o dinheiro que lhes é exigido mas o mais elementar dos princípios? Evidentemente que o problema dos jihadistas do Estado Islâmico é global, pelo que a resposta só pode ser global. Infelizmente, não se vêem passos concretos nesse sentido, nem como o jihadismo possa ser erradicado com paninhos quentes. Entretanto, decapita-se, crucifica-se e fuzila-se, e quanto mais tempo levar a encarar a realidade de frente — e a agir em conformidade — mais vítimas haverá para contar. O islão é uma religião de paz? Acho que vou rever o debate entre Christopher Hitchens e Tariq Ramadan, realizado há quatro anos precisamente com esse título. A ver se desta vez saio mais esclarecido.
NÃO SE FAZEM OMELETAS SEM OVOS. Paulo Bento já foi. Não é um desejo (nem deixa de ser), mas uma constatação. Por tudo o que se diz desde a derrota frente à Albânia (e ainda antes), falta apenas acertar as contas e fazer a mala. E porquê? Porque os resultados não têm sido brilhantes, e os resultados é que contam. Todos sabem que quando não há resultados, a primeira cabeça a rolar é a do treinador. Haja, ou não, razões para isso, e no caso de Paulo Bento não sei se haverá. A mim parece-me que o problema da selecção é outro. Tirando três ou quatro jogadores, não temos matéria-prima. Por uma vez dou razão a Miguel Sousa Tavares: se a selecção disputasse o campeonato português, acabaria em quinto ou em sexto. Vendo bem, se calhar nem isso.
5 de setembro de 2014
SEM REI, NEM ROQUE. A RTP, pelo menos a RTP Internacional, passa a maior parte do dia a promover o que há de pior na música portuguesa. É normal que uma televisão pública passe dias inteiros a promover entulho? Outra coisa, já agora, sobre a dita. Por acaso saberão quantas vezes passam, diariamente, durante meses a fio, os mesmos anúncios aos mesmos programas? Para quem não vê, eu respondo: nas três ou quatro horas diárias que tenho visto nos últimos meses chega a ultrapassar a meia dúzia. O pior é a música de qualidade (também há, também há) e um ou outro programa de divulgação cultural, que de tanto passarem se tornaram insuportáveis. A última vítima foi Cardoso Pires, cujo programa (Ler Mais, Ler Melhor, salvo erro) ouvi tantas vezes e durante tanto tempo que já conheço de cor. A RTP Internacional, como está, promove o que há de pior, e destrói o que há de melhor. Pior seria difícil.
4 de setembro de 2014
PROCESSAR OS CONTRIBUINTES? (2). Se bem entendi, alguns accionistas do BES insistem em processar o Estado, a pretexto de que o Estado, pela boca de alguns dos seus mais altos representantes (Presidente da República à cabeça), os induziu a tomar decisões desastrosas. Já dei para este peditório, mas espanta-me que a teoria continue a fazer caminho, a ponto de o próprio Presidente da República resolver recordar o que disse sobre o BES que tanto os terá prejudicado. Alguns accionistas perderam quase tudo o que tinham? Imagino a tragédia. Mas, lamento dizê-lo, problema deles. Quem se mete nessas coisas sabe, desde o início, ao que vai, e os riscos que corre. Era só o que faltava que os contribuintes pagassem as perdas de quem jogou e perdeu.
O NOSSO HOMEM EM BRUXELAS. Talvez não chegue a Presidente da República, como será seu desejo. Mas foi graças a exercícios como este que o homem chegou onde chegou.
SERVIÇO PÚBLICO. Obrigatório o artigo do médico Manuel Pinto Coelho sobre o vírus Ébola no Público de hoje.
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