10 de setembro de 2014
A BARBÁRIE. Parece que o presidente Obama não sabe o que fazer face à escalada do jihadismo do autodenominado Estado Islâmico (escrevo antes de Obama falar aos americanos, que deverá suceder esta noite). Pelo menos foi isso que deu a entender um dia destes, quando assumiu não ter uma estratégia para enfrentar o problema. É grave? Segundo alguns, é gravíssimo. Na minha opinião, a gravidade, a existir, foi tê-lo assumido publicamente, que neste tipo de assuntos a verdade não é um bem absoluto. Depois, por que é que os americanos têm que ter uma estratégia para tudo, estar prontos a intervir em todo o lado sempre que estão em causa problemas que dizem respeito a meio mundo? Por que não se exige o mesmo aos outros países, nomeadamente da União Europeia, cujos mandantes se limitam à retórica quando são postos diante casos destes? Por que não se denunciam abertamente os países, alguns da União Europeia, que em segredo pagam resgates astronómicos pela libertação dos seus cidadãos que tiveram o azar de cair nas mãos dos jihadistas, entregando a um bando de assassinos não só o dinheiro que lhes é exigido mas o mais elementar dos princípios? Evidentemente que o problema dos jihadistas do Estado Islâmico é global, pelo que a resposta só pode ser global. Infelizmente, não se vêem passos concretos nesse sentido, nem como o jihadismo possa ser erradicado com paninhos quentes. Entretanto, decapita-se, crucifica-se e fuzila-se, e quanto mais tempo levar a encarar a realidade de frente — e a agir em conformidade — mais vítimas haverá para contar. O islão é uma religião de paz? Acho que vou rever o debate entre Christopher Hitchens e Tariq Ramadan, realizado há quatro anos precisamente com esse título. A ver se desta vez saio mais esclarecido.